terça-feira, 3 de janeiro de 2012

DESPERDÍCIO DE ÁGUA TRATADA EM SANTANA DO MUNDAÚ – AL


Vista parcial da Estação de Tratamento de Água
de Santana do Mundaú - AL.

Município apresenta consumo diário de 288,44 litros por habitante, maior que o Estado do Rio de Janeiro, que lidera o ranking nacional com consumo de 266 litros por habitante por dia.

A Cidade de Santana do Mundaú possui uma Estação Convencional de Tratamento de Água que é administrado pela prefeitura. O Sistema de Tratamento de Água do Município foi concebido mediante convênio da Prefeitura Municipal com o Ministério da Saúde (FUNASA) e inaugurado em 07 de julho de 2003.  Foi uma grande conquista para a população que antes utilizava água de cacimbas sem qualquer tratamento.

A Estação de Tratamento de Água, tecnicamente denominada de ETA, é composta por um conjunto de estruturas, equipamentos e produtos químicos que visam adequar os parâmetros físicos, químicos e microbiológicos da água retirada da natureza “água bruta” a Legislação do Ministério da Saúde, Portaria nº 2.914 de 11 de dezembro de 2011 (que substituiu a 518 de 2004) a qual dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, de forma que após o tratamento a água não ofereça riscos à saúde pública.
O consumo médio de água por habitante por dia varia principalmente de acordo com nível sócio econômico da população, clima e seus hábitos. No Brasil, segundo HELLER & PÁDUA (2010) é adotado como consumo de água necessário para uma vida confortável numa residência, de 150 a 200 litros por pessoa por dia. Embora, dados de Companhias Estaduais de Abastecimento apontam um consumo médio no País de 149,4 litros por habitante por dia. Ressaltam como estados de maior consumo Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal (266, 210, 206, litros por habitante dia, respectivamente), e como de menor consumo Amapá, Piauí e Pernambuco (18, 73, 76 litros por habitante dia, respectivamente). O estado de Alagoas apresenta em média um consumo de água de 120 litros por habitante dia.
Especificamente o Município Alagoano de Santana do Mundaú, apresenta um consumo de 288,44 litros por habitante por dia. Conforme dados obtidos in loco na Estação de Tratamento de Água do município que atualmente vem tratando uma vazão de 34 litros por segundo de água bruta, para atender uma população urbana de 5.658 habitantes (IBGE, 2010), e considerando os coeficientes utilizados para o dimensionamento de sistemas de abastecimento de água.
Porém, segundo a Organização Mundial da Saúde, para levar uma vida saudável o consumo mínimo de água potável diário deveria ser de 50 litros. Portanto, é salutar destacar que no município apresenta um consumo diário de água maior que o estado do Rio de Janeiro, que lidera o maior consumo brasileiro (HELLER & PÁDUA, 2010).
Acredita-se que tal fato esteja ligado aos hábitos da população habituada com a abundância de água (esquecendo-se que a água proveniente da ETA, tem um valor agregado ser tratada) aliado ao fato de não haver pagamento do produto disponibilizado, sendo fornecida gratuitamente a população. Tal circunstância tem levado ao uso indevido.
O desperdício é notório quando se observa principalmente em períodos de temperatura elevada, vários moradores utilizando a água tratada para lavar calçadas e molhar a rua, buscando reduzir os efeitos da temperatura elevada. Além de utilizarem água tratada para lavar carros e para outros usos indevidos.
É importante ressaltar que o fato de desperdiçar água influencia a dinâmica natural da água na Bacia do Rio Mundaú, pois com a grande utilização de água, necessita que mais água precise ser capitada para o tratamento, deixando de alimentar o curso principal do rio, com isso o nosso audacioso Rio Mundaú sofre, com a redução de sua vazão, e conseqüente interferindo na diluição e transporte de despejos de esgotos domésticos, ocasionando a mortandade de peixes e desemprego para os pescadores uma vez que em nossa cidade ainda não há Sistema de Tratamento de Esgotos (ETE).
Portanto, para mudar essa realidade deve a gestão municipal juntamente com a autoridade municipal de saúde pública implementar um programa de conscientização sobre a utilização da água tratada e sobre a conservação dos recursos hídricos que alimentam o  Rio Mundaú. A população tem que ser conscientizada da importância do uso racional da água que chega a sua torneira e evitar talvez com isso que o pagamento pela utilização da água venha a ocorrer, como justificativa de reduzir o desperdício de água pela população.

Autores:
M. Sc. José Thales Pantaleão Ferreira1
Elvis Pantaleão Ferreira2

1Doutorando: Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal do Ceará.
2Especialista em Eng. Ambiental e Tecnólogo em Saneamento Ambiental.

Referência bibliográfica:
HELLER, L., PÁDUA, V. L. (organizadores) – Abastecimento de Água para Consumo Humano. 2º edição. Rev. e atual. Belo Horizonte: 2 v. 481p. 2010.
Ministério Saúde, Portaria nº 2.914 de 11 de dezembro de 2011. Disponível em < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/port_2914_qualidade_h2o.pdf. Acesso em 31 de Dez. de 2011.

Um comentário:

  1. EXCELENTE MATÉRIA, O THALES E O ELVIS RESSALTAM A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA E O SEU CONSUMO COM RESPONSABILIDADE SOCIAL.

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