Autores:
Elvis Pantaleão Ferreira; José Thales Pantaleão Ferreira; Fabiana de Souza Pantaleão; Kelizângela do Nascimento Albuquerque e Antonio Cardoso Ferreira
Historicamente as
mudas de citros produzidas em Santana do Mundaú, assim como nos demais
município (Branquinha, Ibateguara, São José da Laje e União dos Palmares) que
compõe o parque citrícola de Alagoas, são produzidas e comercializadas por
produtores “tradicionais” de mudas, carentes de jardim clonal, definido segundo
a Instrução Normativa Nº 24 de 2005, como conjunto de plantas, matrizes ou
básicas, destinado a fornecer material de multiplicação de determinada
cultivar.
Produção de mudas de laranja lima em Santana do Mundaú-AL. Fonte: Thales Pantaleão e Elvis Pantaleão |
Em visita a campo foi observado que
os produtores de mudas não possuem construção especializada para a produção e
acondicionamento das mudas, sendo produzido a “céu aberto”, sem registro junto
ao Ministério da Agricultura e desprovido de responsável técnico com inscrição
no Registro Nacional de Sementes e Mudas – RENASEM, conforme exige o Decreto nº
5.153, de 23 de julho de 2004 (BRASIL, 2004). Assim, a produção de mudas pelos
viveiristas leva em consideração apenas a própria experiência. Sua comercialização
é do tipo “raiz nua” (com sistema radicular exposto) comum no Nordeste
Brasileiro, segundo SANTOS FILHO et al.,(2005).
A propagação das mudas vem ocorrendo
pelo método da borbulhia, que consiste na união de uma borbulha “gema”, porção
da casca de planta, com ou sem parte de lenho, que contenha uma gema passível
de reproduzir a planta original, sobre o porta-enxerto, também denominado de
“cavalo”. Segundo SANTOS FILHO et al.,
(2005) é o método de enxertia mundialmente consagrado para a propagação dos
citros, que apresenta como vantagens alta produção e uniformidades dos frutos,
precocidade de produção, maior facilidade na realização dos tratos culturais e
colheitas, possibilidade de uso de porta-enxertos resistentes a pragas e
doenças e adaptações de solo e clima de cada região.
Ponto de união entre o porta enxerto e o enxerto em uma planta da laranja lima. Fonte: Thales Pantaleão e Elvis Pantaleão |
COELHO (2004) ressalta que as
borbulhas destinadas a enxertia dos citros devem ser originadas de plantas
matrizes sadias, de alta produtividade, representante fiel da variedade, ou na
falta dessas, de plantas com as mesmas características “planta básica”,
presentes em pomares também sadios e produtivos. Todavia, conforme entrevistas com os produtores de mudas às
borbulhas são obtidas por plantas selecionadas em pomares da região ou de
pomares localizado nas proximidades, e a escolha da planta “matriz” ocorre
apenas por experiência visual e prática, habitualmente não levando em conta sua
origem, as características de produtividade e as condições fitossanitárias. Assim,
acredita-se que este procedimento vem contribuindo para a disseminação de
pragas e doenças na região. Aliado ao fato que também não há controle das
pragas e doenças das mudas comercializadas.
Quanto à planta destinada a receber
o enxerto, ainda segundo relato de “tradicionais” viveiristas no município de
Santana do Mundaú, o mais utilizado desde a década de 80 é o porta-enxerto de
limoeiro cravo, embora, há relatos do uso de outros porta-enxertos, que
apresentavam plantas de porte e frutos maiores. Porém uma das características
que levaram a opção pelo porta-enxerto de limão cravo é em virtude da planta
“enxertada” quando adulta apresentar maior resistência ao déficit hídrico,
facilidade de obtenção de sementes, precocidade de produção e menor porte,
característica que tem levado os citricultores a adensarem seus plantios.
Segundo ALMEIDA et al., (2011) além
dessas características o limoeiro cravo quando utilizado como porta-enxerto apresenta
vigor no viveiro, bom pegamento na enxertia e das mudas no campo e apresenta
tolerante a tristeza dos citros, entretanto, é susceptível a exocorte e a
gomose (Phytophthora spp.).
ROCHA (2004), ressalta que é essencial o
conhecimento científico dos porta- enxertos, assim como de sua racional
utilização, principalmente por que estes induz a variedade (copa) alterações no
seu crescimento, precocidade de produção, produtividade, época de maturação,
coloração da casca e do suco, teor de açúcar, acidez dos frutos, permanência
destes na planta. Outras características que também podem ser atribuídas ao
porta-enxertos é a resistência a seca e ao frio, resistência e tolerância a
pragas e doenças, adaptação a diferentes tipos de solo, entre outros.
Matéria extraída do artigo:
FERREIRA, E.P. ; FERREIRA, J.T.P. ; PANTALEÃO, F.S. ; ALBUQUERQUE, K.N. ; FERREIRA, A.C. . Citricultura em Santana do Mundaú AL: manejo agrícola da laranja lima Citrus sinensis (L.) Osbeck e os desafios para a sustentabilidade da cultura. Enciclopédia biosfera, v. 8, p. 203-219, 2012.
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