Com uma área cultivada com citros em torno de 4.428 hectares e uma produção que se aproxima de 35 mil toneladas, o Estado de Alagoas é o terceiro maior produtor da Região Nordeste do Brasil, sendo ultrapassado apenas por Bahia e Sergipe. A citricultura de Alagoas tem como diferencial a sua produção baseada no cultivo exclusivo de laranja ‘Lima’, particularidade que destaca o Estado como o principal produtor desta variedade no Nordeste.
Concentrada no Vale do Rio Mundaú, a cultura dos citros tem o município de Santana do Mundaú como sua principal referência e maior centro de produção. Um retrospecto histórico identifica meados do século passado, mais precisamente o ano de 1957, como o início da citricultura no Vale do Mundaú, a partir da iniciativa e introdução de mudas feitas pelo Engo Agro Camilo José da Rocha, na época Chefe da Estação Experimental de União dos Palmares. Posteriormente, diante do comportamento das plantas e da alta qualidade dos frutos, surgiram os plantios comerciais de maior porte.
Dois aspectos ressaltam o potencial da atividade citrícola em Alagoas. Primeiramente, a questão relacionada com o aspecto climático, fator que se traduz em grande facilidade para o cultivo. Em segundo lugar, está a tradição da cultura da laranja ‘Lima’, cujos frutos, favorecidos pelas condições ambientais, apresentam excelente qualidade e amplas possibilidades de competir com os que são produzidos em outras regiões. Exemplo disto é a experiência dos citricultores na comercialização de laranja ‘Lima’ para a região Sudeste, principalmente Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde os frutos são bastante apreciados.
Embora apresente uma série de vantagens comparativas e facilidades, os investimentos em tecnologia na citricultura de Santana do Mundaú são limitados, resultando em baixos índices de produtividade. Inexistem no Estado viveiristas de citros credenciados e o baixo nível tecnológico reflete-se na maioria dos laranjais que convivem com problemas nutricionais, fitossanitários e plantas daninhas. Frente a estes fatos negativos, admite-se que a tradicional citricultura de Santana do Mundaú encontra-se diante do desafio de modernizar-se, a fim de fugir ao risco de tornar-se economicamente insustentável, apesar da excelência dos frutos.
Sob o ponto de vista organizacional, observa-se entre os integrantes da cadeia produtiva de citros no Estado um clima de interesse em aperfeiçoar o sistema de produção e transformar a citricultura numa atividade referência em termos nacionais.
Além do potencial produtivo, a importância social e econômica da citricultura para o Vale do Mundaú reforça a necessidade do Estado iniciar e desenvolver um processo de modernização da atividade. Faz-se mister destacar que, embora a citricultura de Alagoas tenha permanecido à margem dos avanços tecnológicos, as particularidades locais ressaltam uma condição de favorabilidade dificilmente observado em outras regiões. A natureza orgânica da produção, o cl ima e a qual idade dos f rutos são di ferenciai s que podem transformar o Estado num novo pólo de citros, altamente especializado na produção de laranja ‘Lima’.
Este artigo tem como objetivo estimular e apoiar ações, buscando o desenvolvimento da citricultura local em bases modernas e eficientes. Como primeira ação concreta, foi elaborado um projeto estadual voltado para o desenvolvimento da cultura. Paralelamente, diante do apelo da fruta orgânica, a Embrapa Mandioca e Fruticultura, com o apoio de empresas exportadoras, está programando um teste de aceitação da laranja ‘Lima’ de Santana do Mundaú no mercado europeu, visando atender as comunidades estrangeiras, originárias de países tropicais, mais habituadas aos frutos de baixa acidez.
Fonte: COELHO, Y. S. da; Citricultura em Alagoas: Referência Nacional na Produção de Laranja ‘Lima’. EMBRAPA Mandioca e Fruticultura. Série Cítrus em Foco, Nº25, Jul. 2004.
Thales, este apanhado histórico sobre a produção da laranja lima no estado de Alagoas, é por demais importante. Vejo com otimismo a nossa laranja lima sendo exportada.
ResponderExcluirAbraços.