O
território alagoano é constituído de 54 (cinquenta e quatro) bacias hidrográficas,
dentre estas temos a Bacia Hidrográfica do Rio Mundaú, localizada entre dois Estados
da federação - Alagoas e Pernambuco. A bacia abrange uma área de 4.090,39 km²,
dos quais 2.154,26 km² estão situados no Estado de Pernambuco (SEMARH, 2011).
O
Rio Mundaú é o mais importante da bacia, é perene e apresenta uma vazão média
anual de 30,6 m³/s (GOMES et al., 2004). Este nasce na cidade Pernambucana de
Garanhuns e entra em Alagoas na cachoeira da Escada, ao sul da cidade
pernambucana de Correntes e noroeste da cidade alagoana de Santana do Mundaú, percorre
cerca de 240 km até sua foz na *laguna Mundaú, situada em Maceió capital
do Estado de Alagoas (SILVA et al., 2007).
Portanto,
Segundo a Constituição Federal Brasileira em seu artigo 20 - lagos, rios e quaisquer
correntes de água que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros
países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
terrenos marginais e as praias fluviais; são águas de domínio da União.
Logo, o Rio Mundaú
por banhar os estados de Alagoas e Pernambuco é um Rio Federal. Onde a gestão deste
recurso hídrico em relação a lançamento de esgotos, uso de suas águas, extração
de areia ou outro recurso mineral, instalação de empreendimentos de potencial
impacto ambiental como (usinas hidrelétricas, matadouros), transposição, ocupação
dos terrenos das suas margens “beira do rio”, entre outros, é de responsabilidade
do governo federal.
Cabendo ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, atividades
de fiscalização e aplicação de multas aos empreendimentos ou administrações
públicas, que possam ser considerados (mediante estudo técnico do corpo hídrico
possivelmente afetado) potencialmente poluidores ou daquelas que, sob qualquer
forma, possam causar degradação ambiental. Cabe também ao órgão regularização, notificação
e embargo, objetivando proteger o meio ambiente e o bem estar social.
Segundo os autores
SILVA et al. (2007) o município de Cidade de Santana do Mundaú - AL esta localizado
na parte média da bacia hidrográfica do Rio Mundaú. Na parte urbana e rural da
cidade são notórios os danos e impactos ambientais que o rio vem sofrendo com pontuais
despejos de lixo, lançamento de esgotos domésticos e comercial, ausência de
matas ciliares em suas margens e o mais preocupante é a recente a extração por
máquinas de areia nas margens e no interior do rio, destruindo a vegetação
ciliar, causando por perdas de biodiversidade, degradação do solo, erosão e
carreamento de sedimentos, promovendo o assoreamento do corpo hídrico.
Acreditasse que a
carga de poluentes orgânicos lançados no rio pelos esgotos, combinada com a
baixa vazão do corpo hídrico (fato atualmente observado no Rio Mundaú), tem
interferido na diluição e transporte de despejos, ocasionando a diminuição no
teor de oxigênio na água pela decomposição da matéria orgânica, e consequente redução
da fauna aquática em toda área urbana da bacia hidrográfica.
Segundo SILVA et al.
(2007) historicamente o Rio Mundaú em toda sua extensão, desde sua nascente até
sua foz, vem sofrendo com severos impactos ambientais, por motivo dos escassos
sistemas de saneamento ambiental, definido segundo a FUNASA (2007) como o
conjunto de ações técnicas que têm por objetivo alcançar salubridade ambiental,
por meio de abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de
resíduos sólidos (lixo), promoção da disciplina sanitária de uso e ocupação do
solo, drenagem urbana, controle de vetores urbanos, que visam promover a
população urbana e rural uma vida saudável e em harmonia com o meio ambiente.
Poluição do Rio Mundaú próximo a cidade de Santana do Mundaú – AL.
Portanto, é
importante que os governos (Federal, Estaduais e Municipais) unam esforços no
sentido de promover e implementarem projetos de despoluição do rio, assim como
investimentos em educação ambiental, e principalmente aplicação de recursos na
recuperação das matas ciliares (importantes para a retenção de impurezas e
estabilidades das margens), coleta e disposição ambientalmente correta do lixo
e construções de estações de tratamento de esgotos - ETE. Buscando assim,
alcançar níveis satisfatórios de saneamento ambiental das cidades inseridas na
bacia hidrográfico do Rio Mundaú.
Além de cumprir a
Constituição Federal Brasileira, que preconiza em seu artigo 225 que “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade, o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
É oportuno
ressaltar que no município de Santana do Mundaú, importante passo já foi dado
com a instalação em 2003 de uma Estação de Tratamento de Água, que vem
atendendo a toda população urbano da cidade.
Extração de areia do Rio Mundaú em Santana do Mundaú – AL.
*laguna
- Ambiente formado em depressões, e
abriga águas paradas e de pouca profundidade, as lagunas localizam-se na borda
litorânea, sendo alimentadas pelas águas dos rios (doce) e, por águas oceânicas,
através da dinâmica das marés. Lagoa
- é uma porção de água cercada por terra, em que não há comunicação com o
mar.
Autores:
1Elvis Pantaleão
Ferreira
2José Thales
Pantaleão Ferreira
1Tecnólogo
em Saneamento Ambiental e Especialista em Engenharia Ambiental.
2Engº. Agrº,
Mestre em Ciência do Solo e Doutorando em Agronomia: Solos e Nutrição de
Plantas.
Fontes Consultadas
Constituição Da República Federativa Do
Brasil de 1988.
Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>
Acesso em 05 de Janeiro de 2012.
Fundação
Nacional de Saúde – FUNASA. Manual de
saneamento. 3. ed. rev. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006. 408
p.
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Disponível em < http://www.ibama.gov.br/>
Acesso em 06 de Janeiro de 2012.
Secretária Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos – SEMARH. Disponível em < http://www.semarh.al.gov.br/> e
< http://www.cbh.gov.br/DataGrid/GridAlagoas.aspx>.
Acesso em 05 de Janeiro de 2012.
SILVA,
D. F.; SOUSA, F. A. S.; KAYANO. M. T. - Avaliação
dos impactos da poluição nos recursos hídricos da bacia do rio mundaú (AL e
PE). Revista de Geografia. Recife:
UFPE – DCG/NAPA, v. 24, no 3, set/dez. 2007.
GOMES,
H.B.; GOMES, H.B.; AMORIM, R.C. F.; DI PACE, F.T.; AMORIM, R.F. C.; OLIVEIRA,
C.P. Estudo dos dados hidrometeorológicos
da Bacia do Rio Mundaú utilizando métodos estatísticos. Anais do XIII
Congresso Brasileiro de Meteorologia, Fortaleza – CE, 2004.
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