Uma
suposta crise de produção de alimentos não é novidade, entretanto, ultimamente
vem ganhando novos protagonistas, na verdade um em especial, o clima. Não é
nenhuma novidade que os agentes responsáveis pela produção agrícola em torno do
planeta são extremamente dependentes e sensíveis a mudanças climáticas, e que
um país como o Brasil, por exemplo, com suas dimensões continentais contribui
ainda mais para essa deformidade climática.
A
conjuntura atual mostra uma coincidência pouco ou nunca vista nos últimos anos,
ou seja, temperaturas elevadas no Sul e no Nordeste brasileiro, e nos Estados
Unidos mais recentemente, provocando um impacto muito grande na produção de
milho e soja, e por consequência nos preços dessas commodities. Nota-se, entretanto, um lado negativo com relação à
redução de produção desses grãos nos Estados Unidos que por consequência
provocou uma explosão dos preços dessas commodities
em torno do planeta nos últimos dois anos, que beneficia por um lado os
produtores brasileiros, em especial, devido a alta liquidez do mercado, mas por
outro lado prejudica o consumidor, pois, essa elevação de preços tanto do milho
quanto da soja impacta toda a cadeia até o consumidor final, pois, com isso,
elevam-se os custos de produção de aves e suínos, que segundo a ABCS
(Associação Brasileira de Criadores de Suínos), tem cerca de 80% de seus custos
gastos com farelo de milho e soja, que é
a base de alimentação desses animais, e por tabela provoca o aumento dos preços
dos seus derivados, como por exemplo, a carne, além de impactar o preço de
outros itens da cesta do consumidor, como o óleo e os ovos também, forçando um
sacrifico ainda maior por parte dos assalariados no final do mês.
Sabe-se
também que o crescimento populacional e de renda de países emergentes como a
China e a Índia, além da valorização do dólar frente ao real, ajudam a manter
elevados os preços dos nossos grãos, apesar da crise na Europa. Segundo o indicador
CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), com última
atualização no dia 29 de maio, o preço do milho alcançou na média o patamar de R$
26,00 reais (saca de 60 quilos), valor ainda baixo para os níveis de inicio de
ano, que segundo dados do próprio CEPEA para o mês de janeiro, o milho estava
custando R$ 32,75 no porto de Paranaguá, que serve de referência, já que é o
principal porto escoador da produção de grãos brasileiro. Já a soja, segundo o
CEPEA, o preço está na média do mês em R$ 61,00, ocorrendo assim, um
desaquecimento natural, se comparado ao mesmo período do ano passado, onde a
saca de 60 quilos chegou à aproximadamente R$ 64,00, graças a um período de
seca nunca visto nos últimos 50 anos nos Estados Unidos, até então considerado
o maior produtor deste grão em todo o planeta.
No
comparativo com o mesmo período do ano passado, o milho obteve uma ligeira
valorização de seu preço. Em maio de 2012 o milho alcançou um valor médio de R$
25,00 reais a saca de 60 quilos, valor inferior ao mesmo período deste ano de
2013. O que pode explicar esta valorização do milho neste período de 2013 em
relação ao mesmo período do ano passado pode ser o fato do milho ser uma
cultura que neste momento, em comparação com a soja, detém uma demanda mais
aquecida, pelo fato de ser utilizada tanto para o consumo humano/animal, como
também na produção de etanol.
Além
do que, a expectativa de uma produção recorde para a soja, segundo o Ministério
da Agricultura brasileiro e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA), que estima uma produção de 83 milhões de toneladas para o Brasil,
tornando-o maior produtor de soja no mundo, enquanto que a expectativa de
produção norte-americana, apesar da recuperação em relação ao ano de 2012,
ainda é inferior a produção brasileira e gira em torno de 80 milhões de
toneladas para a safra 2013/14.
A
demanda por alimentos vem crescendo junto com o crescimento populacional e
econômico de países emergentes, o que torna preocupante instabilidades
climáticas, cada vez mais comuns por todo o mundo, fazendo-nos refletir sobre a
nossa condição e capacidade de produzir comida para uma população de 7 bilhões
de pessoas e que projeta-se chegar a 9 bilhões até 2050.
Este
ano de 2013 apresenta um cenário um pouco melhor em relação ao ano de 2012, com
relação ao clima, que castigou os principais países produtores de alimentos em
todo o mundo, fato esse que explica a explosão de preços das commodities ano passado e que aparentemente
demonstra um desaquecimento natural para este ano, já que tanto o Brasil como
os Estados Unidos vem se recuperando e retomando seus estoques de alimentos
para consumo interno e externo.
Autor: Alonso Barros da
Silva Júnior
Engenheiro Agrônomo- CECA/UFAL; Mestrado em Economia
Aplicada- FEAC/UFAL
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