quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ataques de lagartas em pastagens causam prejuízos aos produtores do vale do mundaú

Autor – Eng. Agrº. Me. José Thales Pantaleão Ferreira

            Em Santana do Mundaú e demais cidades do Vale do Mundaú as chuvas voltaram, permitindo o crescimento das pastagens que servem de alimentação para o gado da região. Mas, as condições também foram favoráveis ao surgimento inesperado de algumas pragas da pastagem, cientificamente conhecidas como Mocis latipes e a Spodoptera frugiperda. A Mocis latipes (Lagarta-dos-capinzais) e a Spodoptera frugiperda (Lagarta-do-cartucho) são as espécies de lagartas mais importantes para as pastagens. Ambas são desfoliadores muito vorazes que podem rapidamente consumir grande quantidade de pastagem, reduzindo a capacidade de suporte da pastagem, consequentemente obrigado os produtores a reduzir o número de animais ou adquirir foragem para os animais.

        Para alguns a lagarta-dos-capinzais (Mocis latipes) é a mais importante das lagartas que atacam as pastagens. Uma das características da lagarta-dos-capinzais é a forma de como ela caminha, "medindo palmo", devido aos dois primeiros pares de falsas pernas serem atrofiados. Essa lagarta também tem uma forma peculiar de alimentar-se, consome apenas a parte mais tenra da folha, deixando a nervura principal.


O ataque destas lagartas está gerando importantes prejuízos aos pecuaristas, principalmente por termos passado por um período de seca grave, estando o gado necessitando de pastagem de boa qualidade para ganhar peso e tentar superar as perdas ocorridas nos períodos de seca. Contudo, o aparecimento desta praga trouxe preocupação aos pecuaristas, que estavam ansiosos com a chegada das chuvas, pois a recuperação da pastagem atacada pelas lagartas leva de dois a três meses.


Em períodos de chuva constante ocorre uma redução na incidência de lagartas nas pastagens. Contudo, ao cessar as chuvas ocorre grande infestação. Isso ocorre, pois o período chuvoso favorece ao desenvolvimento do fungo Nomurea rilley que naturalmente mata várias espécies de lagartas no ambiente, incluindo a lagarta-dos-capinzais (Mocis latipes) e a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), mas quando cessam as chuvas a temperatura e umidade no vale do mundaú são propícias ao rápido desenvolvimento das lagartas nas pastagens, necessitando de uma intervenção para evitar prejuízos.
Figura 1. Lagarta-dos-capinzais (Mocis latipes).
Figura 2. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda).

Controle: Inicialmente orienta-se que seja consultado um Engenheiro Agrônomo, Veterinário, Zootecnista ou Técnico Agropecuário para orientações técnicas de controle e indicação do melhor produto a ser aplicado.

Recomenda-se que as pastagens sejam vistoriadas com atenção e frequência quanto à presença de lagartas. Observações devem ser feitas na superfície do solo, em meio à palha sobre o solo, colmos e folhas.

Considerando que as lagartas, quando em altas populações, podem consumir toda a forragem disponível, recomenda-se que medidas sejam adotadas tão logo se constatem os focos iniciais. O ataque desses insetos se dá em reboleiras, assim sendo, o controle de focos iniciais apresenta a vantagem de que o tratamento se dará em áreas relativamente pequenas. Nessas áreas aplicar inseticidas de baixa toxicidade e curto poder residual (registrados para uso em pastagens), sendo necessário retirar os animais das áreas tratadas por tempo que dependerá do produto utilizado.

Há produtos biológicos à base de Bacillus thuringiensis que podem ser aplicados (Ex: Dipel, Thuricide, Bactospeine).  Como se trata de um inseticida microbiano seletivo para lagartas, não é necessário, nesse caso, a retirada dos animais das áreas tratadas. Outra importante vantagem de sua aplicação consiste no fato de que não elimina os inimigos naturais presentes na pastagem.

Alternativa adicional é concentrar animais nas áreas atacadas, procurando, com isso, aproveitar a forragem disponível antes que as lagartas o façam. Esta medida poderá ser adotada antecedendo eventual aplicação de um produto inseticida.

Essas lagartas, quando em níveis populacionais muito altos, podem apresentar um movimento migratório em que se dispersam caminhando sobre o solo.  Este movimento se processa de áreas com grande concentração de lagartas, e já com baixa disponibilidade de alimento, para áreas adjacentes, com abundância de alimentos.  Quando ocorre esse movimento, sugere-se a utilização de barreiras químicas, como a abertura de valetas cortando o sentido migratório.  Dentro dessas valetas são colocados produtos inseticidas.

Pode-se também fazer uso do fogo, contudo esta prática pode trazer grandes desvantagens ao produtor rural, a exemplo da perda de nutrientes, suscetibilidade a erosão dos solos, perda de matéria orgânica e eliminação de inimigos naturais.

Referências Bibliográficas

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Cultivo de Feijão-Caupi. Embrapa Meio-Norte, Sistemas de Produção (Versão Eletrônica), Jan/2003. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Feijao/FeijaoCaupi/pragas_aereas.htm> acessado em 02 de julho de 2013.

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Lagartas em Pastagens.  Embrapa Gado de Leite, Introdução Técnica para o Produtor de Leite 27. 2p, 2006.

VALÉRIO, J.R. Lagartas em Pastagens. Revista JC Maschietto nº 07, setembro/2009.

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Um comentário:

  1. É possível também utilizar parasitoides de ovos dessas mariposas, assim há um impedimento do nascimento das lagartas e não é necessário retirar os animais da pastagem, visto que o controle é biológico e as vespinhas não causam mal algum para as plantas e os animais. Além é claro do custo ser baixo.

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