Cuiabá, capital de Mato Grosso, que está recebendo as seleções da Austrália, Rússia, Japão, Coreia do Sul, Chile, Nigéria, Colômbia e Bósnia e Herzegovina para a Copa do Mundo de 2014, está em alerta, já que alguns desses países são grandes produtores mundiais de alimentos. Devido ao deslocamento de milhares de torcedores, as chances de alguma praga do campo chegar às principais regiões produtoras do Estado aumentam consideravelmente.
Do ponto de vista do agronegócio, o Mundial de futebol, pode resultar em uma dor de cabeça para os produtores rurais brasileiros. Um levantamento encomendado pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), mostra que os 31 países classificados para a Copa do Mundo abrigam, juntos, mais de 350 pragas ainda inexistentes no Brasil. São insetos, ácaros, fungos e vírus que, se introduzidos nas lavouras, certamente trarão prejuízos e podem até impactar a produção nacional de alimentos nas próximas safras.
Conforme a diretora da consultoria Agropec e autora do estudo, Regina Sugayama, o aumento do trânsito de pessoas entre países nos últimos anos tem ajudado a disseminar as pragas pelo mundo. Entre 1901 e 2014, 68 espécies de pragas exóticas foram detectadas no Brasil, sendo 20 delas somente nos últimos dez anos. "Às vésperas de grandes eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada é preciso reforçar a atenção em nossas fronteiras e aeroportos", afirma a pesquisadora. (Veja gráfico)
De acordo com a Fifa, organizadora do evento, mais de 1,5 milhão de ingressos para a Copa do Mundo já foram vendidos ‒ 43% do total para torcedores de outros países. Serão centenas de milhares de turistas viajando pelo Brasil, o que aumenta consideravelmente a possibilidade de entrada de invasores. Apenas como referência, no período da Olimpíada de Pequim, em 2008, foram introduzidas 44 novas pragas na China. Dois anos depois, após os Jogos Asiáticos de Guangdong, foram identificadas mais 32 espécies invasoras.
Helicoverpa armigera |
"É preciso ter um plano efetivo de combate e prevenção antes e durante a Copa do Mundo, pois uma vez que a praga entra, por não ter inimigos naturais nem produtos registrados para o combate, seu controle é muito complicado", afirma Eduardo Daher, diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef). "Ninguém imaginava que a Helicoverpa armigera poderia chegar ao Brasil. Pois ela chegou e em um ano já causou um prejuízo bilionário. Precisamos barrar a entrada de novas Helicoverpas", diz o executivo. A lagarta, que neste ano completou sua segunda safra no Brasil, ainda segue assustando os produtores. A praga, aliada aos fatores climáticos, foi responsável por perdas de produtividade na safra 2013/14, no Estado, além de ter ampliado consideravelmente os custos de produção pela maior necessidade de inseticidas. A Helicoverpa está sendo controlada sem o uso de moléculas específicas, como o benzoato de Emamectina, produto que teve uso proibido no país.
MAPA – Conforme o Ministério da Agricultura, houve reforço da fiscalização tanto na importação de produtos de origem animal e vegetal, de procedência estrangeira, para utilização ou consumo pelas organizações, delegações, instituições e entidades indicadas pela Fifa. Em relação aos turistas, equipes de servidores estão nos principais aeroportos internacionais realizando fiscalização conjunta com órgãos de controle migratório. (Com assessoria)
FONTE: Diário de Cuiabá por MARIANNA PERES
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