Será
que existe alguma relação entre a fome e a falta de alimentos ao redor do
planeta? Será que existe uma crise de alimentos no mundo que justifique a fome
de milhões de pessoas?
Sem
sombra de dúvidas, a fome é um dos acontecimentos, se não o maior de todos, que
assola e prejudica uma parte considerável da população mundial, ela (a fome)
mata mais que a malaria, tuberculose e AIDS juntos, segundo relatório da ONU.
Segundo dados da FAO, organização das nações unidas que combate a fome no
mundo, nós convivemos com 870 milhões de famintos, ou seja, a cada oito
pessoas, uma passa fome. A fome não faz parte do mundo moderno, nem do processo
de desenvolvimento, como esbravejam muitos “intelectuais”, portanto, não se
pode tolerá-la como parte do processo de crescimento de países emergentes como,
por exemplo, o Brasil, pelo contrário, ela é uma forma de privação de
liberdade, liberdade do direito de sobreviver que impede o individuo de
constituir família, trabalhar e contribuir para a prosperidade de seu país ou
região. A falta de ter o que comer é uma moléstia que deve ser eliminada de
vez, para o bem de milhões de pessoas.
Fonte: http://valberlucio.wordpress.com/2011/10/17/dia-mundial-da-alimentacao-onu-pede-esforco-mundial-para-combate-a-fome/ |
Mas
então o quê provoca a fome?
É
importante compreender que não é a falta de alimentos o responsável pela quantidade
absurda de pessoas que passam fome por todo o planeta. Não existe nenhuma crise
relacionada à produção de alimentos que possa ameaçar a nossa sobrevivência,
pelo menos no curto prazo. Há que se entender que a expansão ou retração de
alimentos varia ao longo do tempo, devido a estímulos na sua produção, ou
fenômenos naturais que por ventura reduz a produção de alimentos em
determinados períodos do tempo e em determinadas regiões do planeta, e isso
acarreta numa flutuação dos preços dos produtos agrícolas que invariavelmente
provocam perdas no poder de consumo de uma parte da população menos
privilegiada financeiramente.
Tomando
emprestado o que exemplifica o prêmio Nobel de economia, o indiano Amartya Sen,
a fome no mundo não é por falta de alimentos, e sim por falta de renda para
comprar comida. O que o economista quer dizer é que mesmo estando rodeados de
alimentos, sem renda, não há como obter comida necessária para a nossa
sobrevivência, a não ser que sejamos beneficiados por alguma alma caridosa ou
que possamos produzir nossa própria comida. Indo mais adiante no comentário de
Sen, além da falta de renda, outro problema grave e que deve ser solucionado a
curto ou médio prazo é a má distribuição da produção de alimentos, onde se sabe
que a maior fatia da produção está locada nos países ricos e com grande poder tecnológico
e financeiro, além de recursos naturais abundantes para atender suas
necessidades no que se refere à produção de alimentos para sua subsistência,
ficando os países pobres com as migalhas, como os países localizados no Chifre
da África, por exemplo, que além da pobreza extrema, sofre com catástrofes
referentes à secas prolongadas e falta de auxilio das autoridades competentes
ou dos órgãos internacionais de combate a fome. A alternativa para a resolução
do problema da fome no mundo, além de assistência técnica, é a adoção de
políticas de incentivos a produção e inserção tecnológica e de modernização da
agricultura para que países menos favorecidos possam produzir seus próprios
alimentos, sem necessitar da generosidade dos países ricos.
O
Brasil pode-se considerar modelo de combate a fome nos últimos anos, devido às
políticas de eliminação da miséria, que tiraram 28 milhões de pessoas de um
estado de calamidade para uma situação de vida mais digna, graças a políticas
de transferência de renda, dando poder de compra a uma parte considerável da
população com uma demanda reprimida e que hoje goza do direito de ter o que comer,
além da geração de emprego e políticas de modernização e fortalecimento da
agricultura familiar, mostrando que se podem combinar políticas sociais com
crescimento econômico.
O
Brasil e o mundo ainda estão longe de acabar definitivamente com a fome de
milhões de seres humanos castigados pela desigualdade social e pela indiferença
dos países ricos e privilegiados, que viram a cara para as necessidades e o
pedido de socorro de uma parcela da população mundial que sofre com a falta das
mínimas condições de sobrevivência, devido à incapacidade ou incompetência de seus
governantes de adotar medidas para evitar ou remediar o desespero que mata
centenas de milhões de pessoas por todo o planeta pelo simples fato de não ter
o direito de ter o que comer, além de uma dose de azar devido às intempéries da
natureza que é cruel e maltrata certas regiões do planeta, pela falta de água, de
solos férteis e de condições para produzir seu próprio alimento.
AUTOR:
Alonso Barros da Silva Jr.
Engenheiro Agrônomo - Mestrado em Economia Aplicada-
FEAC/UFAL
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