Autores:
Elvis Pantaleão Ferreira; José Thales Pantaleão Ferreira; Fabiana de Souza Pantaleão; Kelizângela do Nascimento Albuquerque e Antonio Cardoso Ferreira
Plantas daninhas também são denominadas de plantas invasoras, planta espontânea, planta indicadora ou mato são aquelas que crescem onde não são desejadas e competem com as plantas cultivadas por água, luz e nutrientes. Apresentam elevado grau de adaptação em diferentes regiões, climas e solos, reduzindo a produtividade, dificultando os tratos culturais e elevando o custo de produção da lavoura (KISSMANN,1997). Portanto, o controle é uma prática importante para a obtenção de altos rendimentos em qualquer exploração agrícola.
Conforme discutido por VARGAS & OLIVEIRA (2009) o controle das plantas daninhas consiste em suprimir o seu crescimento e/ou reduzir seu número até níveis aceitáveis para convivência, sem que estas causem prejuízos para a cultura. Os métodos de controle de plantas daninhas podem ser mecânico o qual envolve a capina manual, ou por meio de tração animal ou trator; químico com uso de herbicidas registrado para a cultura a ser utilizado, método que exige conhecimento tecnológico, e o controle biológico, com a utilização de organismos vivos para matar ou reduzir a capacidade competitiva de uma ou mais espécies de plantas daninhas.
Basicamente até 2006 em Santana do Mundaú era comum apenas o controle mecânico das plantas daninhas através da capina manual com uso de “enxada”, que normalmente tinha início no final do mês de outubro. Entretanto, este procedimento de controle é alvo de discussão entre vários pesquisadores uma vez que causa movimentação do solo e deixa o totalmente exposto, embora a vegetação capinada sirva como cobertura morta.
SANTOS FILHO et al. (2005) advertem que a capina manual apresenta custo elevado e risco de ferimentos no troco das plantas pela enxada e também ao sistema radicular muito superficial que as plantas cítricas apresentam, tornando os ferimentos porta de entrada para doenças, especialmente fúngicas, que debilitam a planta podendo até mesmo provocar sua morte.
Entre as principais doenças fúngicas que são acometidas por lesão nas plantas cítricas destaca-se a “Gomose” (Phytophthora spp.) que conforme discutido por SIVIERO et al. (2002) o patógeno causador necessita de um ferimento para causar infecção nas plantas. Exigindo como controle o pincelamento da parte ferida com fungicida preventivo ou pasta bordaleza antes do início da estação chuvosa, quando as condições ambientais são mais favoráveis ao fungo. Conforme dados da SMA (2012) vários pomares do município apresentam considerável incidência de gomose, o que vem sendo atribuída a forma de controle das plantas daninhas.
Atualmente, a capina manual com enxada vem sendo substituída pelo uso de roçadeiras a diesel e por roçagem manual das plantas daninhas nos pomares, esta última consiste no corte do mato com uma foice, deixando-o a uma altura do solo em aproximadamente 10 cm, conforme ilustrado na figura.
Manejo das plantas daninhas com o uso da foice. |
Assim, esta técnica cessa o crescimento da vegetação (plantas daninhas) promovendo sua morte e evitando a competição por nutrientes e principalmente por água, que segundo SANTOS FILHO et al. (2006) é o principal fator limitante à produção de citros. Logo, essa técnica também tem contribuído para a proteção do solo, prevenção da compactação, ciclagem de nutrientes e melhorando as condições físicas, químicas e biológicas do solo.
Entretanto, recentemente os citricultores almejando minimizar os custos e facilitar o controle das plantas daninhas, têm crescentemente optado pelo controle químico com uso de agrotóxicos (herbicidas), em pulverizador costal. Neste contexto segundo a SMA (2012), tem-se observado um crescente e preocupante uso de herbicidas, haja vista que a utilização indiscriminada de agroquímicos sem orientação técnica pode causar problemas a saúde dos agricultores e danos a integridade ambiental.
AZEVEDO (2003) destaca que só é permitido utilizar herbicidas registrados para citros, ou conforme legislação vigente; dando preferência aos pós emergentes aplicados, no máximo, duas vezes ao ano na faixa de projeção da copa das plantas, em função do período crítico de interferência das plantas daninhas determinado para o ambiente trabalhado, adverte ainda que os agrotóxicos podem ser persistentes e tóxicos no solo, na água e no ar, tendendo a acumular-se no solo e na biota.
Neste sentido a Associação Nacional de Defesa Vegetal – ANDEF (2001) ressalta que antes de comprar um agrotóxico é imprescindível consultar um engenheiro agrônomo ou florestal, para a emissão da receita agronômica nas respectivas áreas de competência, pois além das características do produto, como toxicidade e formulação, o profissional deve recomendar os equipamentos para a aplicação, igualmente as orientações quanto às precauções a serem adotadas. Os técnicos agrícolas e tecnólogos da área da agropecuária e florestal podem assumir a responsabilidade técnica de aplicação, desde que o façam sob a supervisão de um engenheiro agrônomo ou florestal (BRASIL, 1990).
Todavia, em Santana do Mundaú os agroquímicos muitas vezes são aplicados por trabalhadores rurais, sem qualquer acompanhamento ou supervisão técnica, aplicados a qualquer hora do dia e comumente sem o uso de Equipamentos de Proteção Individual –EPI, além dos produtos rotineiramente serem preparados em corpos hídricos da região, podendo comprometer os mananciais superficiais e subterrâneos e possíveis danos a flora e fauna aquática, além da possibilidade de atingir fontes de águas para abastecimento.
É importante ressaltar que as embalagens vazias devem ser submetidas à tríplice lavagem e em seguida serem devolvidas onde foram compradas, e caso o agricultor não devolva e realize outra destinação poderá ser multado pela Lei nº 7.802 de 11 de julho de 1989 (BRASIL, 1989), além de ser enquadrado na Lei de Crimes Ambientais.
Visando contribuir para mudar esta realidade a Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas – ADEAL e o SEBRAE/AL idealizaram e promoveram cursos para a capacitação de produtores de laranja da região. Assim, segundo a COOPLAL (2012), em março de 2010 foram capacitados cerca de 30 produtores, mediante curso realizado na sede da Cooperativa de Produtores de Laranja de Santana do Mundaú.
Matéria extraída do artigo:
FERREIRA, E.P. ; FERREIRA, J.T.P. ; PANTALEÃO, F.S. ; ALBUQUERQUE, K.N. ; FERREIRA, A.C. . Citricultura em Santana do Mundaú AL: manejo agrícola da laranja lima Citrus sinensis (L.) Osbeck e os desafios para a sustentabilidade da cultura. Enciclopédia biosfera, v. 8, p. 203-219, 2012.
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