Na agricultura, as tradicionais vantagens do Brasil em relação a outras
regiões do mundo vem se erodindo rapidamente. Em três anos, o preço da
terra subiu 60%, custos trabalhistas e de mão de obra crescem de maneira
assustadora e a sua disponibilidade cai, seja pela competição com a
construção civil ou outras áreas que demandam gente, ou pelas bolsas
Governamentais que desestimulam o trabalho em algumas regiões. Os custos
de energia elétrica, do diesel, do transporte ineficiente e caro, os
custos de capital recordes, custos de licenciamentos e ambientais e
altos e complexos tributos sufocam cada vez mais as margens.
Produtores de frutas relatam que produzir no Peru representa 50% do
custo de produção no Brasil. Produtores de cana dizem que seus custos
saltaram 40% desde 2005. Na laranja, pomares das indústrias que tinham
custo operacional de pouco mais de R$ 4 por caixa chegaram a R$ 8 em
cinco anos. idem para grãos e carnes, o Brasil se torna um país caro de
se produzir.
Os altos preços internacionais vêm compensando custos crescentes e o
impacto do câmbio, permitindo que diversas cadeias produtivas apresentem
lucro, mas até quando esta situação perdurará?. De um lado, a demanda
mundial de alimentos não mostra qualquer tipo de arrefecimento nos
próximos anos, mas o risco é que os competidores do Brasil, estimulados
por preços altos e menores custos de produção, implantarão novos
projetos em diversos produtos, e não é difícil prever que em poucos anos
novos e mais fortes concorrentes disputarão os mercados. Produtores de
açúcar de beterraba, de suco de laranja além de outras frutas e de grãos
se animam e investem em seus países.
Estratégias de redução de custo devem ser planejadas e implementadas.
São ações privadas, mas principalmente, ações publicas. Entre as
privadas, ainda existe uma chance de lipoaspiração na agricultura.
Metade das propriedades apresenta baixo conteúdo tecnológico, baixa
eficiência no uso da terra, são poucas as ações coletivas entre
produtores para melhorar custos e ainda a própria gestão pode melhorar.
Se nas ações privadas é uma lipoaspiração, nas públicas, o Governo
precisa é de uma cirurgia de redução de estômago, para perder 30% a 40%
do seu peso e alocar melhor seus recursos na saúde, na educação, na
infraestrutura, entre outros, com qualidade e reduzir a carga
tributaria. Mas não parece ser esta a direção, pois prioridades do dia
são a criação de um novo imposto para a saúde e aumento salarial ao
Judiciário, com “efeito cascata” aos demais poderes.
Com este projeto de curto prazo, mesmo setores com muita saúde, como é a
agricultura, perdem sua competitividade. O Brasil precisa pensar no
médio e longo prazos.
MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na
FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat
Fonte: Sanicitrus segundo site: Toda Fruta
Nenhum comentário:
Postar um comentário