Iniciativa do governo federal pretende criar programa para distribuição de sementes semelhante ao que existe em Alagoas.
A farinha produzida por agricultores familiares no Agreste alagoano já está à venda nos supermercados Unicompra. A gestão de programas com foco na agricultura familiar, em Alagoas, mais uma vez vai servir de modelo para todo o País, por meio do Brasil Sem Miséria.
Depois da comercialização da farinha de mandioca produzida pelos agricultores familiares da Região Agreste pelas redes de supermercados, agora o Programa de Sementes, conduzido pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri), vai servir de exemplo para um projeto dentro do Programa Brasil Sem Miséria.
“O governo federal, através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), vai se basear na experiência de Alagoas na condução do Programa de Sementes para criar algo semelhante dentro do Brasil Sem Miséria”, salientou o secretário de Estado da Agricultura, Jorge Dantas.
Segundo ele, o Programa de Sementes alagoano objetiva não só garantir semente aos agricultores familiares, mas também estimular a diversificação produtiva, o plantio na hora certa, com semente de qualidade, além de autonomia aos agricultores.
Para Inês Pacheco, superintendente de Fortalecimento da Agricultura Familiar da Seagri, o Programa de Sementes também promove a organização dos agricultores, segurança alimentar e ainda faz articulações para compra de parte da produção de grãos.
“O governo do Estado, com empenho do governador Teotonio Vilela, articula entidades como a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para comprar parte da produção desses agricultores, o que resulta em mais renda no campo. Essa compra é por um preço justo, normalmente acima do preço de mercado, e o produto vai para outras famílias em situação de insegurança alimentar”, explicou Inês Pacheco.
“O Estado vive um novo tempo na agricultura familiar, e isso é resultado de muito trabalho, foi algo planejado, não é uma situação que está ocorrendo por acaso”, completou a superintendente. Para fortalecer as ações do Programa de Sementes, o secretário Jorge Dantas ainda salientou que o governo do Estado está criando e fortalecendo 600 bancos comunitários de sementes e mais 150 bancos de ferramentas.
“Esses bancos vão armazenar sementes crioulas, aquelas adaptadas a cada região, e também colaboram para dar mais autonomia aos agricultores. Além disso, com os bancos de ferramentas, que já estão instalados, o agricultor reduz os custos de produção, pois no banco ele pode retirar arados, plantadeiras manuais, batedeiras, peneiras e balanças”, frisou o secretário.
Assistência técnica garante apoio ao agricultor
Ainda de acordo com Jorge Dantas, a revitalização do serviço de assistência técnica e extensão tem contribuído para os avanços na agricultura familiar alagoana. “Quando chegamos ao governo, em 2007, praticamente não existia esse serviço. Com o interesse e a determinação do governador Teotonio Vilela, realizamos convênios com o governo federal para seleção de técnicos”, explicou.
“A Secretaria de Agricultura tinha entre 30 a 35 veículos, com média de 12 anos de uso. Hoje temos quase 300 veículos, somando automóveis, motocicletas, caminhões e tratores. Também fizemos a reestruturação dos escritórios regionais, aquisição de equipamentos e instrumentos de trabalho”, emendou o secretário de Estado Adjunto, José Marinho.
Apesar dos avanços na estrutura, os dois concordam que o mais importante foi a seleção de profissionais. “Hoje temos 300 técnicos no campo, acompanhando os agricultores, e mais 63 estão sendo capacitados para, no início de setembro, se somarem a esses”, avisou Rita de Cássia, superintendente de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural.
Entre esses profissionais que acompanham os agricultores estão: zootecnistas, médicos veterinários, agrônomos, técnicos em agropecuária, técnicos agrícolas, nutricionistas, assistentes sociais, engenheiros de pesca e economistas. “Eles facilitam o acesso dos produtores às políticas públicas”, salientou Rita de Cássia.
Comercialização gera renda às famílias do campo
Vender a produção sempre foi considerada uma etapa difícil para os agricultores, mas essa situação já começou a mudar em Alagoas. Uma das alternativas para comercialização desses produtos é o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Compra Direta Local com Doação Simultânea, uma parceria do governo do Estado com a União, através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
“O PAA promove a geração de renda no campo, pois consegue adquirir praticamente qualquer tipo de alimento – in natura ou processado – que seja produzido pelos agricultores familiares e repassa esses produtos para entidades assistenciais, que, dessa forma, garantem segurança alimentar e nutricional para milhares de famílias”, argumentou o secretário de Agricultura, Jorge Dantas.
Em Alagoas, o programa já está sendo executado em 14 municípios, mas até outubro vai atender a 25, que, somados, reúnem mais de 500 agricultores familiares. Estes agricultores tornaram-se fornecedores de produtos que vão desde hortaliças, raízes e tubérculos a queijos, ovos, galinha caipira, peixe e mel.
“Um bom exemplo de comercialização está no Programa de Avicultura Familiar, por meio do qual os beneficiados produzem galinha caipira e ovos e vendem para o PAA. Isso já está ocorrendo em Santana do Ipanema”, lembrou Hibernon Cavalcante, superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Seagri.
Outro canal para comercialização desses produtos é a merenda escolar. Segundo uma lei federal de 2009, as prefeituras são obrigadas a investir pelo menos 30% dos recursos da merenda na aquisição de produtos da agricultura familiar da região. A partir deste ano, o governo do Estado também vai fazer a aquisição de produtos aos agricultores para incluir na merenda.
Pesquisa agropecuária é fortalecida
Alternativas para melhoria da produção de alimentos, combate a pragas, doenças e manejo de animais são ações que só se desenvolvem a partir de pesquisa e inovação. Em Alagoas, a pesquisa agropecuária também está registrando avanços.
Segundo o diretor de Pesquisa da Seagri, Teodorico Araújo, o Estado desenvolveu uma variedade de sorgo forrageiro SF-15 que já foi registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O sorgo é uma planta semelhante ao milho, mas que tem mais resistência à falta de água, e serve para silagem e alimento do gado de leite.
“Também reproduzimos uma variedade de palma que é resistente à cochonilha do carmin, uma praga que já chegou ao Estado, na divisa com Pernambuco”, citou Araújo. “Vale lembrar também a credibilidade deste governo, que nos permitiu incluir Alagoas no PAC da Embrapa e, com isso, obter recursos para revitalizar o setor de pesquisa”, lembrou o diretor.
FONTE: Diego Barros - AGÊNCIA ALAGOAS
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