A leprose dos citros, doença causada por um vírus transmitido pelo ácaro Brevipalpus phoenicis, que em um passado não muito distante, era considerada virose de pomares abandonados, atualmente ocorre em todas as regiões citrícolas do estado, mesmo em propriedades consideradas de padrão elevado, causando gastos anuais de mais de 40 milhões de dólares americanos com acaricidas para seu controle (Oliveira, 1995). Em sua tese de doutorado no CENA/USP em Piracicaba, SP, Guirado (1999) avaliou a eficiência de diversas substâncias como interferentes na aquisição e inoculação do vírus da leprose dos citros pelo ácaro Brevipalpus phoenicis que causa danos em frutos, folhas e ramos em plantas cítricas. Dessa avaliação, foi constatado que é possível controlar a leprose dos citros com os seguintes produtos naturais: extratos de folhas de Luffa cylindrica e de Hedera helix nas diluições 1:10 e 1:20 ou Datura metel 1:10 que atuaram como repelentes ao ácaro e também com o extrato de bulbo de Allium sativum (alho) nas diluições 1:10 ou 1:20 que atuou como repelente alimentar.
Atualmente, um dos principais obstáculos enfrentados pelos agricultores e pesquisadores têm sido fitoviroses que chegam a ser limitantes para várias culturas de importância econômica. A maioria dos vírus é disseminada por vetores, principalmente insetos e ácaros, tornando o controle muitas vezes uma tarefa difícil. O controle de vetores também é baseado no uso de defensivos agrícolas, que nem sempre conseguem evitar que o vetor se alimente em plantas doadoras ou receptoras de vírus. Em muitos casos, os vetores, principalmente os insetos, ficam agitados como efeito da aplicação de produtos químicos, promovendo efeito contrário ao desejado, isto é, adquirem ou inoculam o vírus mais rapidamente que o normal. Os defensivos agrícolas, além de oferecerem risco de vida ao aplicador e ao consumidor dos produtos que podem conter resíduos de pesticidas, poluem o ambiente e causam evasão de divisas do País, pois em geral, pelo menos a matéria prima usada na fabricação desses produtos são importados de outros países.
O controle de pragas e doenças com produtos alternativos é bastante antigo, sendo que na Índia, há mais de 2000 anos os agricultores utilizavam folhas e sementes de Azadirachta indica no controle de pragas e doenças (Schmutterer, 1995). Atualmente, muitos agricultores fazem uso dos defensivos alternativos das mais variadas origens, em suas lavouras obtendo sucesso na produção (Abreu Júnior, 1998; Burg & Mayer, 1999).
Esses produtos pertencem a cinco grandes classes químicas: os carboidratos, os lipídios, os compostos nitrogenados (amino-ácidos, peptídeos, proteínas e glicosídeos cianogênicos e alcalóides), os terpenóides e os fenilpropanóides. O número de compostos envolvidos é muito grande, sendo que, em 1993, o Dicionário Fitoquímico relacionou 2793 compostos com atividade biológica caracterizada (Pletsch, 1998).
Ao utilizar defensivos alternativos, o agricultor estará protegendo a natureza, a si próprio, os consumidores de sua produção e suas próprias finanças, devido ao baixo custo destas substâncias, contribuindo para uma menor evasão de divisas do País, devido a diminuição de importação dos produtos químicos.
ABREU, JÚNIOR, H.J. Práticas alternativas de controle de pragas e doenças na agricultura: coletânea de receitas. Campinas, SP, EMOPI, 1998. 115 p.BURG, C.I. & MAYER, H.P. Alternativas ecológicas para prevenção e controle de pragas e doenças. Francisco Beltrão, GRAFIT, 1999. 153 p. GUIRADO, N. Avaliação de substâncias como interferentes na aquisição e inoculação do vírus da leprose dos citros pelo ácaro Brevipalpus phoenicis. Piraci-caba, 1999. 87 p. Tese (Doutorado) - Centro de Energia Nuclear na Agricultura, USP.
Fonte: FAPESP Toda Fruta: http://www.todafruta.com.br/portal/icNoticiaAberta.asp?idNoticia=9624 |
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