Por:
José Francisco Oliveira de Amorim, Administrador e Mestre em Economia Aplicada
pela UFAL.
O setor canavieiro consiste na atividade
industrial mais antiga do Brasil, tendo acompanhado o desenvolvimento econômico
e social da nação. A importância deste setor é extremamente relevante para a
indústria brasileira, devido ao nível de competitividade e modernidade.
Diversos programas foram
desenvolvidos com a finalidade de contribuir para a evolução do setor canavieiro,
dando impulso ao alargamento. Com a eleição de um novo governante em 2002, foi
mantida a estabilidade econômica e política do país, os produtores do setor
canavieiro passaram a desenvolver competências técnicas com o objetivo de
aumentar a eficiência técnica de sua produção, buscando a reformulação da
estrutura organizacional das usinas com a finalidade de manter maior
coordenação setorial.
Destaca-se ainda que o setor canavieiro
passa por um novo momento, com o “renascimento do setor” a partir do lançamento
do motor flex fuel com sistema
desenvolvido pela Bosch. Essa tecnologia se popularizou rapidamente e aumentou
o consumo de etanol, estudos indicam que se o preço do etanol for abaixo de 70%
do preço da gasolina é mais vantajoso abastecer o veículo com etanol. O poder
de compra do consumidor foi elevado e a interrupção do combustível verde é
praticamente nula, durante esse período passa a existir uma mudança no mix de
produção de etanol anidro para etanol hidratado. Em 2005 as vendas de veículos flex fuel passam a ser 60% das vendas de
veículos 0 km, em 2007 é registrado que 85% das vendas de 0 km são de veículos
que possuem a tecnologia flex fuel.
A produção de açúcar não ficou para
trás, esta apresentou uma forte elevação, pois passou de uma produção inferior
a10 milhões de toneladas (1990), para 30 milhões de toneladas (2007/2008).
Neste período ocorreu o maior aumento de consumo dos últimos dez anos,
impulsionados por políticas do governo federal de redistribuição de renda, como
Fome Zero e o Bolsa Família. Isto é verificado a partir do consumo, pois as
famílias de baixa renda passaram a consumir mais produtos industrializados e a
indústria de alimentos e bebidas corresponde ao principal consumidor de açúcar
do Brasil.
O Brasil ainda se mantém como o primeiro
exportador de açúcar mundial, pois seus concorrentes enfrentam problemas
ligados à água, terra e estrutura agrária. O salto de produção tanto de açúcar
como de álcool, foram motivados com a implementação do Proálcool, o que
possibilitou intenso desenvolvimento tecnológico para produção, logística e uso
final. A conexão entre os setores público e privado arquitetou a nova
configuração do setor, com isso, o Brasil alcançou alguns patamares: maior
produtor de cana de açúcar, maior produtor de etanol com a expansão da
indústria para vários estados do Brasil, com destaque para Nordeste e Sudeste.
Além disso, o país retomou a produção de veículo movidos a álcool, entretanto,
são veículos híbridos denominados carros flex.
Estas ações favoreceram o avanço tecnológico
do setor, levando ao desenvolvimento de dois novos setores além do tradicional:
o energético – com o surgimento de empresas que trabalham com a geração de
biomassa a partir do bagaço e palha da cana de açúcar e o setor sucroquímico.
Esta configuração proporcionou a
formação de novas estruturas de governança, com estruturas de capital puramente
nacional e/ ou com participação de capital estrangeiro. Os grupos estabelecidos
procuraram se organizar e adicionar novas tecnologias ao mercado, sobrepondo-se
a anterior utilizada pelo Estado.
O setor experimenta ainda um
crescimento, contudo, ainda apresenta valores abaixo da demanda potencial
interna e externa por açúcar e álcool. Segundo a Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA), o setor proporciona três fatores: aumento do consumo
interno, devido ao sucesso dos veículos flex,
demanda mundial por álcool, devido à qualidade ambiental por ser obtido por
meio da biomassa e por último, exportação crescente, dado a competitividade
brasileira e redução de subsídios à exportação concedidos por países da União
Europeia (UE), em concordância, existe uma diferença na produção de açúcar da
cana da produção de açúcar de beterraba, isto favorece o aumento da
competitividade do açúcar brasileiro no mercado internacional.
Entretanto existem alguns fatores que
devem ser considerados, o setor ainda sofre com as mudanças institucionais, o
setor dividiu-se em regiões geográficas, historicamente a auto-regulação sempre
foi um problema. Mesmo com a redução dos preços relativos e extinção das cotas
de produção – promovidas pelo Proálcool – e a forte alteração da dinâmica
tecnológica, a abertura promovida com a desregulamentação favoreceu a formação
de cisões, apesar disso, ainda existem empresas independentes que tentam
manter-se no mercado, outro ponto que também é destaque de problemas é a
conversa com trabalhadores e grupos sociais que se torna mais difícil a cada
dia.
A desregulamentação não só impactou como
também deixou o setor mais vulnerável a ações externas, a saída passou a ser
criação de novas estruturas produtivas ou fusões, além da migração por parte de
alguns grupos econômicos do nordeste canavieiro para o centro-sul concentrado.
A concentração da atividade nessa região
está promovendo o crescimento do setor, pois nessa região existem terras que
ainda não foram cultivadas e apresenta-se de forma plana, contribuindo com o
melhor aproveitamento do plantio e colheita, dados do portal unicadata
comprovam que o crescimento da produção de açúcar e álcool brasileira é
sustentado pela produção da região Centro-Sul.
A configuração de oligopólio competitivo
(presença de alguns grupos econômicos e grande quantidade de empresas) aliada à
concentração produtiva em uma região fornece subsídios necessários para o desenvolvimento
de outras atividades que podem surgir devido à junção de vários agentes e de
capital externo, contribuindo com novas combinações, como destaque,
identifica-se a atividade de cogeração de energia elétrica realizada por
algumas usinas.
Estima-se que em 2030, a produção de
cana-de-açúcar possa chegar a 1,140 bilhões e a estimativa da produção de
biomassa da cana para geração de energia chegue a 313,5 milhões, ressaltando a
importância dessa atividade, a cogeração de energia a partir do bagaço e da
palha deve deixar de ser um subproduto e passar a ser uma terceira fonte de
negócios, diante de um amadurecimento do mercado e por pressões ambientais.
Dessa forma, a atividade de cogeração
surge como uma saída para os problemas de falta de energia e apagões,
proporcionando ainda uma matriz energética limpa, tornando o setor canavieiro
atraente a investimentos.
TENHO APRENDIDO MUITO COM SUAS PUBLICAÇÕES.PARABÉNS, POR TAO BELISSIMOS ARTIGOS, CARO DOUTORANDO, THALES PANTALEAO FERREIRA
ResponderExcluirExcelente artigo do Administrador e Professor da UFAL José Francisco Amorim. Parabéns pela bela explanação meu caro!!!
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